O novo secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Reive Barros, defendeu em entrevista à Reuters que o Brasil precisa explorar mais seu potencial hidrelétrico e a geração de energia em térmicas a gás natural.
Nomeado para o cargo na quinta-feira, ele disse que as dificuldades ambientais enfrentadas para a viabilização de novos projetos hídricos no país podem ser superadas com uma maior interação junto aos órgãos ambientais e com o aproveitamento do potencial das regiões Sudeste e Centro-Oeste.
A visão de Barros, caso implementada no planejamento do setor elétrico, representaria uma mudança frente principalmente à política defendida nos governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, que priorizaram a construção de grandes hidrelétricas na Amazônia.
“Temos um potencial (a ser aproveitado) de 15 gigawatts (GW) para médias usinas que vão de 50 megawatts (MW) a 200 MW (em capacidade instalada) que são importantes serem exploradas, pelo preço competitivo e por estarem em cima do centro de carga do país”, disse Barros à Reuters.
“(No passado) optou-se por hidrelétricas mais distantes, com impacto ambiental”, acrescentou ele.
O secretário também defendeu que é preciso “rediscutir” a construção de hidrelétricas com reservatórios no país, após a priorização no passado recente de usinas chamadas “a fio d´água”, que não necessitam da implementação de grandes lagos, mas não possuem capacidade de armazenamento.
Ele também afirmou que “uma das metas é explorar mais a geração térmica a gás”, com essa fonte substituindo usinas mais caras, movidas a óleo.
Antes da nomeação para o ministério, Barros estava à frente da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE), onde foi um dos principais defensores de um projeto do governo Temer de realizar um leilão para a contratação de novas usinas a gás.
A proposta gerou alguma polêmica, com especialistas incluindo o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Luiz Eduardo Barata, pedindo mais estudos antes da licitação.
“Com a combinação entre a exploração de hidrelétricas e `substituição´ de térmicas a óleo por usinas a gás, pode ajudar na redução da tarifa de energia para o consumidor”, apontou Barros.
O secretário disse ainda que, à frente da pasta, pretende “revisitar” os modelos utilizados no planejamento energético do país, uma vez que a oferta estaria apertada frente à demanda.
“É preciso ter uma oferta de energia suficiente para você passar o ano de forma estável… O desafio é assegurar uma oferta de energia para atender à demanda. É preciso revisitar esses modelos e se preparar para ampliar a oferta de energia”, afirmou.
Barros foi nomeado para a secretaria de Planejamento na quinta-feira. Ele substituirá Eduardo Azevedo, que estava no cargo desde 2016.
Fonte: UDOP